Nasci de madrugada,
Numa manhã radiosa
Numa noite esplendorosa
De um dia em Abril.
Eu estava lá e lembro-me
Da bata branca da parteira,
Que era loira e bem jeitosa
E a quem palmei a carteira.
Pouco ganhei com o acto
Pois que ela, coitada dela,
Com dois filhos e seu cargo
E o marido na gamela ([1])
Pouco dinheiro trazia
Para as compras desse dia.
Eram quase 100 escudos
Que (hoje) pagaria um café
Se não lhe mudasse de preço
O dono do estaminé!
Um labrego de bigode
Que é coxo de um pé
Por ter sido atropelado
Quando andava no pagode ([2])
Ainda hoje ela se queixa
Por não saber como foi
Que naquela madrugada
A linda carteira de pele
Da sua mala fugiu!
E quem foi? Ninguém viu…
[1] Prisão!
[2] Desbunda, rapioca, festarola, copaneira!
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