A MENTE TAL COMO OS PARA-QUEDAS QUANDO ABERTOS FUNCIONAM MELHOR;
NEM TUDO O QUE LÊS É VERDADE!
NEM TUDO O QUE IMAGINAS EXISTE!
NEM TUDO O QUE SONHAS ACONTECE!
Quando forem a Lagos não deixem de ir à Ponta da Piedade para lhes ser possível admirar ao vivo e a cores as imagens que aqui vos deixo. A primeira é uma vista geral da baía. A segunda é O Sapato, nome porque é conhecida aquela rocha, em formato de um sapato de salto alto.
As lágrimas correm-me abundantemente pelo rosto. Só pelas tuas palavras… Atiradas. Arremessadas. Que me atingiram como balas! Foram injustas! Foram gritadas com raiva! Com desespero! Com amor, talvez…! Mas quem ama não grita assim. Ou grita? Quem ama desesperadamente grita assim? É possível. Mas não pode gritar com raiva! Não pode!!! Ou pode? Só sei que não mereço esses gritos, essa raiva e esse desespero. Não mereço!!! Porque te amo! Muito!!!!!
Estou em cama deitado, Acordado, Pensativo, Lembrando os bons momentos, Os alegres pensamentos, Os azares, os sentimentos. As correrias, que aos pares, Pela praia fazíamos, Perseguindo as gaivotas, E outras aves que havia.
Agora recordo o Queirós, Aquele das pernas tortas, Que corria mais que nós. Por onde ele andará Passados tantos anos? Com as ideias que tinha, Ou na Florida ou no Brasil É onde terá casinha!
Também me lembro da Bia Que connosco jogava à bola. Subia às árvores sozinha, E nós todos cá em baixo De olhos esbugalhados, Não fosse ela cair…! (Dizendo que não lhe víamos as pernas, Era estar a mentir!)
O António foi o primeiro Que aprendeu a nadar, A andar de bicicleta, De patins e até a voar Quando caiu do alpendre E ao chão foi parar. Valeu-lhe o fardo de palha Que ali estava a “dormir” Que lhe aparou a queda Para ele não se ferir.
Do Manel, gordo e corado Pouco há a relatar; Estava sempre sentado A ver os outros a jogar. Gostávamos de o ter Sempre em companhia, Pois do pai, comerciante Dono da mercearia, Rebuçados e caramelos Nos bolsos sempre trazia. E tal era a quantidade Que a todos satisfazia.
A Amélinha, toda gira, Sempre muito bem vestida, Só brincava com bonecas, Mas nunca se importava De nos mostrar as cuecas. Tivessem bonecos ou folhos, Ou outras decorações, Dizia a toda a gente, Que éramos as suas paixões. E o mais interessado Era o Luis calmeirão Que com ela se casou Há uns anos, no verão.
Do Alberto não esqueço Daquele dia de sol, Quando fomos roubar figos Para os lados do farol. Apareceu o “ti Jaquim” Dono daquelas figueiras, Que, gritando e berrando, Nos correu à pedrada, No Alberto acertando Com um calhau voador. Mas sem um grito de dor Lá continuou correndo, Até chegar a casa da avó Leonor Que lhe pregou uns tabefes Pela tropelia feita. Mas que vendo bem a coisa, Também foram por amor!
O Joaquim era esperto, Talvez mesmo, inteligente; Devia ter os seus motivos Para não brincar com a gente. Aos domingos ia à missa Todo vestido a preceito; Ia pela mão da mãe (que tinha um grande peito). Mas tinha uma coisa boa, A Joana sua irmã; Uma linda moreninha Com olhos de avelã!
Estive com ela uma vez Atrás do chafariz, E se mais não me beijou Foi porque ela não quis! E eu, desengonçado, Magro que nem um cão, Nem sequer calças tinha; Andei sempre de calção. Franzino e pouco esperto, Dei-me com toda a gente. Não sou rico nem “doutor”! Sou o que sou e não lamento.
…vivo num país que ignora os seus velhos; …vivo num país que ignora os seus doentes; …vivo num país que ignora as suas crianças; …vivo num país que ignora as suas artes; …vivo num país que ignora a sua cultura;
…vivo num país que só valoriza o “agora”; …vivo num país que só valoriza o “correcto”; …vivo num país que só valoriza o lucro; …vivo num país que valoriza o tacanho; …vivo num país que valoriza o mesquinho;
…vivo num país onde o oportunismo é rei; …vivo num país onde os “espertos” vingam; …vivo num país onde os “vígaros” se safam; …vivo num país onde os honestos são presos; …vivo num país onde os correctos são depreciados;
…vivo num país que amo mas que não me acarinha! …vivo num país que adoro mas que não me fascina! …vivo num país que me usa e que me abomina! Vivo num país ?
Imagino-te Num entardecer à beira-mar, Numa praia de finas areias, Onde as ondas molham os teus pés nus Que na areia molhada deixam marcas…
Imagino-te À janela de um solar minhoto, De cabelos ondulando nas brisas que passam, Olhando o horizonte que frente a ti se estende, E que nos teus olhos mil sonhos reflectem…
Imagino-te Saltando e correndo num campo de flores, Por entre milhos e demais sabores, As garças voando em redor de cores. O teu chapéu de fitas, para trás ficando, E os teus risos nos ares ecoando…
Imagino-te Junto à varanda numa manta jogada, Lendo um livro, num sofá deitada; E nesse romance mergulhada, O teu rosto calmo, sereno, brilhando…
Imagino-te Lá acima, no alto duma falésia Olhando o pôr-do-sol, que se via Num mar de suaves ondas mergulhar, E na tua face a sua luz reflectia…
Imagino-te Numa qualquer rua, correndo Numa saia de pregas ondulantes, E a alegria no teu rosto brilhando, Por entre os lábios um sorriso vivia.
Imagino-te Nesse espelho reflectida, E nos meus olhos mergulhada; Em meus braços estendida e Pela minha boca abraçada.
Imagino-te Por entre nuvens e calores; Por entre cardos e flores; Por entre ódios e amores; Por entre fogos e cores.
Imagino-te Vestida de azul, de rosa, de anil, De contente, de feliz e de febril, Deitada num desgosto ou numa paixão!
Imagino-te De olhos abertos e lábios cerrados, De boca aberta e de olhos fechados, De peito arfando de desejos contidos!
Imagino-te Em relva deitada, carente, encantada, Pelo luar beijada e por mim amada!
Nota: já tenho ouvido pessoas que reputo de bem formadas e esclarecidas rotularem uma “tal” guerra ser uma guerra má! E eu fico pensando: mas também há as boas? Por isso saíram-me estes:VERSOS
Não vejo o sol nem a névoa Nem a chuva caindo na terra; Sinto a dor e sinto a mágoa, E sinto a raiva que o meu peito encerra.
Não quero aqui ser um morto, Um infeliz ou um mendigo. Que nesta terra de escravos Qualquer um morre sem sentido.
Não quero guerras nenhumas. Não quero as más nem as boas! Porque eu nunca, nunca Percebi A razão de matar pessoas!
Com tantas catástrofes no mundo: Cheias, terramotos ou epidemias, São necessários mais métodos Para matar quem morre de fome? Ou quem não come por vários dias?